Katana — ou, para os íntimos, bicho preto, gorda, KKline — foi uma gata única, daquelas que não precisavam miar alto para mostrar quem mandava na casa. Com sua expressão sempre levemente emburrada e uma personalidade que misturava independência com momentos inesperados de doçura, ela conquistou todos ao seu redor do jeitinho dela.

Desde o início, Katana demonstrava suas preferências com muita clareza. Amava brincar com varinhas de pena e era completamente apaixonada por seus ratinhos de catnip. Um de seus maiores tesouros era um chaveirinho de panda, que levava para todos os cantos — até mesmo para dentro do pote de comida, como quem queria alimentar o amiguinho também.

Tinha rituais que não podiam ser ignorados: um potinho de petisco tinha que estar sempre ao lado da cama, porque, caso contrário, ela vinha com a patinha, dava aquela cutucada e pedia com o olhar. Katana era no tempo dela — carinho só se ela decidisse. Mas quando chegávamos em casa, fazia questão de vir receber e, no maior estilo dramático, se jogava no chão com a barriga para cima. Era a saudação mais sincera que se podia esperar.

Era fã de lugares escondidos e aconchegantes: o roupeiro, as toquinhas, os arranhadores — todos eram seus reinos particulares. E, claro, espalhar papelão pela casa era parte do pacote. Já ser escovada? Nem pensar. Isso ela detestava profundamente, e deixava claro com aquele olhar que só ela sabia dar.

Katana foi presença marcante por onde passou. Sua alegria contida, seu humor duvidoso e sua rotina cheia de manias deixaram a casa mais viva — e agora, cheia de saudade. Cada canto guarda um pouco dela, desde os arranhadores gastos até o silêncio das recepções que ela costumava fazer.

Ela pode ter tido cara de poucos amigos, mas sua presença era puro amor. Um amor do jeito dela. E isso foi mais do que suficiente para encher uma vida inteira de lembranças lindas.

Obrigada, Katana, por ter sido exatamente como foi. Sua ausência dói, mas sua história vive para sempre.